As questões de gênero e a problemática da violência contra a mulher vêm sendo discutidas lentamente enquanto problemas de saúde pública, uma vez que permeiam os múltiplos contextos de saúde desde a atenção básica. Apesar disso, a incompatibilidade dos profissionais frente à complexidade em se lidar com estas temáticas é consenso na literatura. A Lei 11.340, nomeada Maria da Penha, instiga a necessidade de inclusão de conteúdos de gênero em todos os níveis educacionais. Assim, este trabalho trata-se de um relato de experiência exemplificando os esforços sistemáticos do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) em formar profissionais mais sensíveis à problemática da violência contra a mulher e suas implicações para o bem-estar e os direitos humanos. Para isso, o módulo curricular de "Saúde da Mulher e Gênero" contemplou atividades como: inclusão da temática de violência contra a mulher no conteúdo programático de aulas expositivas; participação dos discentes nas reuniões da Rede de Atenção à Mulher em Situação de Violência Doméstica e Sexual de Petrolina/PE, tendo por objetivo principal contribuir para uma maior articulação entre os serviços envolvidos na atenção à mulher violentada; visita com os acadêmicos às instituições que atendem à mulher em situação de violência, vislumbrando o percurso entre elas; realização de oficinas com a comunidade para fomentar discussões acerca das relações familiares e perceber situações de violência veladas; realização de oficinas com mulheres em situação de violência, promovendo o fortalecimento de sua auto-estima; dentre outras experiências. Avalia-se as iniciativas como viabilizadoras do aprimoramento acadêmico-profissional durante o instigamento de futuros enfermeiros menos tecnicistas e com uma visão mais ampla de papéis institucionais, efetivando a interdisciplinaridade e a humanização em seus futuros contextos de trabalho.
UNITERMOS: enfermagem; violência contra a mulher; currículo.
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