De acordo com Vermelho, Simões-Barbosa e Nogueira (1999), acreditamos que é extremamente importante analisar os aspectos culturais e simbólicos das sociedades contaminadas pelo HIV, pois para nós, os números parecem encobrir realidades individuais, íntimas, que ajudariam a entender melhor a vulnerabilidade ao vírus. A epidemia do HIV e da AIDS dependem hoje diretamente desta vulnerabilidade dos indivíduos que vivem em microrregiões, assumindo características multifacetadas. Objetivo: Captar as percepções de mulheres portadoras do HIV em relação à sociedade e ambiente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, através da realização de entrevista semi-estruturada, usando a técnica de associação livre de Spink (1995). Foram selecionadas 12 mulheres diagnosticadas como portadoras do HIV há mais de um ano, com renda menor que dois salários mínimos e mães que estejam sendo acompanhadas pelo hospital dia de um hospital filantrópico conveniado com o SUS da cidade do Recife, cenário para esta pesquisa. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa e aplicado o termo de consentimento livre e esclarecido. As falas foram categorizadas e estudadas pela técnica de análise de conteúdo. Resultados: A sociedade para algumas de nossas entrevistadas é uma das grandes promotoras da feminização da epidemia."A sociedade é a culpada por isso tudo. Não ensina, não dá informação. E as mulheres pagam por isso. Pagam com a vida" (Baleia). Conclusões: A sociedade para nossas mulheres é cruel, com suas "verdades perfeitas", pois elas percebem o descaso, a falta de informação, falta de acolhimento e principalmente a falta de se fazer valer os direitos humanos, os direitos da mulher. Fazendo da exclusão social, fator importante para aumento da vulnerabilidade ao vírus.
Unitermos: Sociedade, Feminização, HIV.
|