A experiência de atuar no domicílio sempre se
fez presente na prática assistencial de enfermagem, porém de forma
não sistematizada.A ausência de regulamentos e normas limitava
o atendimento apenas à sensibilização com o sofrimento
do outro.Sua redescoberta representa, assim, um novo território da prática
da saúde. No contexto da aids, a Assistência Domiciliar Terapêutica
é a denominação dada pelo Ministério da Saúde
para esta modalidade de assistência.

Este estudo tem como objetivo avaliar o funcionamento, na prática
clínica, do Serviço de Assistência Domiciliar Terapêutica
a pacientes com aids em uma unidade pública de saúde do município
de São Paulo. Foram incluídos todos os pacientes HIV+ matriculados
no Serviço de Assistência Domiciliar, desde junho de 1996 até
dezembro de 2002, totalizando 40 pacientes.

Procedeu-se à revisão dos prontuários
destes 40 pacientes (etapa I) e a uma nova visita domiciliar (etapa II). Foram
ainda comparadas as atividades desenvolvidas no serviço às sugestões
preconizadas pelo Guia de Procedimentos em HIV/aids - ADT, publicado pelo Ministério
da Saúde (MS). Os pacientes em geral apresentavam alto grau de comprometimento
imunológico, com grande número de infecções oportunistas
e seqüelas, especialmente neurológicas.

A maioria eram doentes acamados ou apresentavam dificuldades
para deambular. Havia disponibilização de serviços públicos
(água e energia elétrica) em todos os domicílios, porém
o armazenamento e a destinação do lixo domiciliar eram precários.
Os procedimentos de enfermagem somam o maior volume de atividades desenvolvidas
com o cliente.

Na experiência do SADTVP, os principais foram a administração
de medicamentos (injetáveis ou orais supervisionados), curativos e prevenção
de úlceras de decúbito, higiene no leito e manipulação
de sondas. Normas de biossegurança envolvendo os profissionais da saúde,
os pacientes e seus cuidadores foram adequada e criteriosamente seguidas pela
equipe, em conformidade com as recomendações do MS. O enfermeiro
exerce papel de liderança na ADT, embora o paciente/cuidador não
o identifique individualmente dentro da equipe multidisciplinar.

O SADTVP revelou que foram poucos os registros e anotações
de enfermagem constanto em prontuário.Os usuários avaliam o SADT
de forma positiva, especialmente quanto ao atendimento humanizado e técnico
especializado.

Descritores: aids, enfermagem, assistência domiciliar.