A expansão da epidemia da aids trouxe consigo a necessidade
de diagnóstico da infecção pelo HIV para um número crescente de pessoas, levando profissionais de saúde a enfrentar questões relacionadas à realização do teste anti-HIV e seus desdobramentos.

A Central de Sorologia Alternativa existe no Instituto de Infectologia Emílio Ribas sob iniciativa e administração da equipe de enfermagem há quase quinze anos e, embora desde o início tenha alcançado resultados assistenciais subjetivamente satisfatórios, na verdade nunca foi avaliado de forma objetiva e sistemática, não apenas no que se refere aos números envolvidos (atendimentos, distribuição por sexo e idade, resultados sorológicos etc), mas também quanto à qualidade do serviço e sua concordância com as recomendações preconizadas pelas autoridades sanitárias e técnico-profissionais.

São objetivos deste estudo: quantificar e qualificar o número total de clientes atendidos na CSA-IIER desde o início de suas atividades em setembro de 1991 até dezembro de 2004; calcular a incidência de soropositividade para o HIV entre a clientela da CSA-IIER; consultar usuários atuais sobre a qualidade do serviço prestado e as orientações recebidas; verificar junto a estes usuários o reconhecimento do profissional enfermeiro ao realizar suas tarefas; e comparar a CSA-IIER às experiências
semelhantes de outros serviços bem como às recomendações
técnicas do Ministério da Saúde e éticas do conselho
profissional de enfermagem.

A metodologia do estudo dividiu-se em duas etapas, a saber: Etapa I - análise retrospectiva dos cadernos de registro (não informatizados) utilizados para documentação administrativa dos clientes, contabilizando: o número de clientes atendidos, a idade, a distribuição por sexo e o resultado final da sorologia para infecção pelo HIV; Etapa II - prospectiva, baseada em entrevistas realizadas com clientes atendidos em março e abril de 2005.

Resultados: A Etapa I revelou um total de 15.076 clientes com atendimento documentado
entre 1991 e dezembro de 2004. Houve um período intermediário (de 08/09/97 à 02/05/99) do qual não foram encontrados documentos do atendimento na CSA-IIER e, portanto, os números correspondentes não puderam ser contabilizados. Houve um predomínio de clientes do sexo masculino (54,7%), com faixa etária entre os 19 e 45 anos de idade (73,2%). Não houve diferença estatisticamente significante entre a positividade da sorologia nos dois gêneros. Na Etapa II foram incluídos 93 clientes.

Apenas 34 (36,5%) pacientes disseram ter sido a primeira vez que realizaram o teste para HIV, ou seja, a maioria (63,5%) estava repetindo voluntariamente a sorologia. O serviço do IIER foi a referência indicada por conhecidos (familiares e amigos) em 78 (83,8%) casos. Quanto à qualidade do atendimento, o tempo entre o primeiro atendimento (pré-teste) e o resultado (pós-teste) foi considerado como rápido por 88 (94,6%) clientes.

Quando perguntados se sofreram algum tipo de agressão durante o atendimento, 90 (96,7%) clientes disseram que não. A privacidade prevaleceu segundo a opinião de 86 (92,4%) pacientes. Ao serem indagados sobre o fato do serviço oferecido pela CSA-IIER não ser anônimo, 84 (90,3%) disseram que isto não os importunava. O profissional enfermeiro foi reconhecido como o atendente por apenas 15 (16,1%) dos entrevistados no momento do pré-teste e por 29 (31,1%) no pós-teste.

Oitenta e oito (94,6%) clientes referiram ter recebido orientações
sobre os meios de prevenção da aids e DSTs. Setenta e cinco (80,8%)
pacientes disseram que entenderam o resultado da sorologia que acabaram de receber;