Anais - 21º CBCENF

Resumos

Título ENTRE O CUIDAR E O MORAR: O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO COMO INTERCESSOR CLÍNICO ENFERMAGEM SAÚDE MENTAL
Autores
ANA LUIZA STURZENEGGER MICHELIN (Relator)
LUDIMILA PALUCCI CALSANI
Modalidade Comunicação coordenada
Área Valorização, Cuidado e Tecnologias
Tipo Relato de experiência

Resumo
Traremos aqui um relato de experiência de acompanhamento terapêutico (AT) em um Serviço Residencial Terapêutico (SRT) do município de Campinas. O SRT foi criado no enfrentamento da desinstitucionalização e fechamento dos leitos psiquiátricos no processo da Reforma Psiquiátrica. A criação de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos e a garantia de direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, tem como um dos objetivos o enfrentamento ao confinamento e isolamento social, a ruptura de laços familiares decorrentes das longas internações em instituições totais. Objetivo: Problematizar a prática de enfermagem em sua interface com o campo da saúde mental: entre o cuidar e o morar. Metodologia: Construção multidisciplinar da experiência de acompanhar processos de cuidado em uma residência terapêutica, com a utilização dos descritores: "Enfermagem", "Saúde Mental" e "Moradias Assistidas”. Entre o morar e o cuidar um deslocamento se opera, o cuidado das rotinas, protocolos, administrações de medicações, técnicas e procedimentos somam se as questões da subjetividade, do sujeito e sua dinâmica singular. Uma perspectiva do cuidado sob a ética e práticas não manicomiais ao lado das práticas de desinstitucionalização e produção de vida: "Cuidando do Morar". Resultados: Quando acompanhamos a construção de uma morada, percorremos caminhos que vão da retomada de nomes próprios, documentos pessoais e o resgate da palavra encarnada em sua própria história de vida. É acolher corpos cansados de tantas privações e violências e enfrentar as prescrições abusivas de fármacos. O modo como caminhamos pelo bairro, seja para o varejão da semana ou simplesmente conhecer a vizinhança considera o tempo, a velocidade do passo, a psicomotricidade e deambulação, bem como cada percepção, afecção e pequenas vontades que suscitam no caminhar. É se questionar a cada plantão sobre as possibilidades de ser, estar, de pequenos gestos que ganham um manhã de trabalho entre banhos e risadas, entre autonomia, autocuidado, a dimensão da escolha ao lado do necessário à vida, entre a vida, a saúde, seus gostos e gastos. Conclusão: Um campo de trocas multidisciplinares, onde experiências do dia a dia só podem ser compartilhadas quando construídas e vivenciadas lado a lado. Um aprendizado que se faz ao acompanhar processos de produção de vida.