Anais - 20º CBCENF

Resumos

Título SOFRIMENTO E PRAZER NO TRABALHO EM SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Autores
THAIS DE ALMEIDA BRASIL (Relator)
TARCILA FREITAS DE SOUSA
SOFIA SAYURI YONETA
LILIAN MIRANDA
Modalidade Comunicação coordenada
Área Trabalho, Ética e Legislação profissional
Tipo Monografia

Resumo
Atualmente a Atenção Primária à Saúde (APS) no Município do Rio de Janeiro (MRJ) se organiza a partir de um regime de contratualização com Organizações Sociais de Saúde que determinam um regime de trabalho pautado em protocolização de procedimentos e imposição de metas de produção e impactam diretamente na saúde do trabalhador. Objetivo Geral: Identificar as relações entre o processo de trabalho e os afetos experimentados pelos trabalhadores no cotidiano do serviço da Estratégia Saúde da Família (ESF) no MRJ. Método: Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, abordagem descritiva, realizado em um Centro Municipal de Saúde (CMS), com a participação de 30 trabalhadores da ESF. Para a coleta de dados, a técnica utilizada foi o grupo focal, desenvolvido com quatro grupos compostos por diferentes profissionais. Resultados e discussão: Os trabalhadores descreveram um cotidiano de trabalho pautado por alta exigência de cumprimento de metas e desenvolvimento de uma performance multifuncional e polivalente, o que gera afetos constantes de tristeza, estresse e esgotamento mental. Destacaram sofrimento produzido pela não adaptação ao ritmo de tarefas e prazos estabelecidos. Notaram também a interferência da Direção da unidade de saúde nas decisões do trabalho das equipes de Saúde da Família (eSF) para cumprir “tempo do usuário”, o que condiciona o trabalhador à falta de autonomia e diminui as possibilidades do trabalho criativo. Entretanto, a identificação com as atividades laborais encontrando no trabalho uma importância para si e para outros, bem como, a possibilidade de ajudar o usuário dentro das imprevisibilidades do cotidiano do serviço, foram aspectos observados que proporcionam prazer no trabalho. Conclusões: O formato de gestão pautada por resultados mostra-se pouco sensível ao sofrimento experimentado pelos profissionais em decorrência da sobrecarga de trabalho, pressão para alcançar resultados não condizentes com os recursos disponibilizados para tal, a complexidade da prática laboral na Saúde da Família e conflitos entre eSF, Direção e usuários. Contudo é possível dizer que o trabalho na ESF pode ter fontes de prazer. Assim, a oferta de espaços de falas aberto aos trabalhadores poderiam apoiá-los na elaboração dos afetos experimentados no cotidiano, o que incentivaria a ressignificação do contexto laboral pelos mesmos e proporcionaria modos singulares de lidarem com sofrimento.