Anais - 20º CBCENF

Resumos

Título INTERNAÇÃO HOSPITALAR MATERNA E INFANTIL INDÍGENA: A INTERSUBJETIVIDADE NO PROCESSO DO CUIDAR
Autores
KARINA BRASIL WANDERLEY (Relator)
MARCOS ANTONIO PELLEGRINI
Modalidade Comunicação coordenada
Área Políticas Sociais, Educação e Gestão
Tipo Dissertação

Resumo
A diversidade sociocultural das mulheres indígenas e suas concepções acerca da fertilidade, parturição e maternidade devem ser consideradas ao planejar desenvolver ações em saúde sendo fundamental que os serviços de saúde de alta complexidade que servem de referência aos povos indígenas conheçam os aspectos socioculturais que interferem nos processos de saúde/doença/atenção para melhor intervir e acolher essa população. O estudo teve como objetivo conhecer a qualidade das relações dos profissionais da saúde no cuidado à mulher e recém-nascido indígenas, hospitalizados no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, de fevereiro a maio de 2016. Utilizou-se de observação participante, com registro em diário de campo, bem como entrevistas com profissionais da saúde que foram estudadas pela técnica de Análise de Conteúdo de Bardin e obteve, para fins de discussão, duas classes temáticas: a primeira retrata as percepções dos profissionais para o cuidado materno infantil indígena, agrupando aspectos relacionados à forma como os profissionais de saúde identificam, caracterizam suas dificuldades no atendimento ao paciente indígena e como avaliam e tratam suas reclamações durante seu processo de hospitalização. A segunda classe temática retrata a estrutura gerencial para o cuidado materno infantil indígena que agrupam aspectos relacionados à forma como os profissionais de saúde relacionam a estrutura organizacional com suas dificuldades no atendimento ao paciente indígena. A partir deste estudo foi possível identificar que as práticas de saúde durante a internação materna infantil indígena são marcadas por um modelo assistencial de racionalidade biomédica cujas rotinas hospitalares são prioridades, e deixam a paciente em segundo plano; fortemente ancoradas numa relação assimétrica entre profissional de saúde e paciente indígena. A pesquisa apontou a necessidade de uma educação permanente em saúde com abertura de espaços dialógicos (oficinas, rodas de conversas, cursos) que visem discutir estratégias para o acolhimento e humanização adequados, através do estabelecimento da relação intersubjetiva durante o processo de cuidar que busca a construção de projetos terapêuticos singulares. MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec,2009.FERREIRA, L. O. Saúde e relações de gênero: uma reflexão sobre os desafios para a implantação de políticas públicas de atenção à saúde da mulher indígena. Ciência e saúde coletiva, Rio de Janeiro, 2013.