Anais - 20º CBCENF

Resumos

Título O PARTO É NOSSO: EXPERIÊNCIA DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A VIDA DAS MULHERES
Autores
RENATA DI KARLA DINIZ AIRES (Relator)
HELIANA HELENA DE MOURA NUNES
Modalidade Comunicação coordenada
Área Políticas Sociais, Educação e Gestão
Tipo Pesquisa

Resumo
Introdução: Estima-se que uma em cada quatro mulheres no Brasil sofram violência obstétrica durante o parto. A violência obstétrica é caracterizada pela apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres pelos profissionais de saúde, através do tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos processos naturais¹ resultando na perda da autonomia de decidir livremente sobre seus corpos e sua sexualidade. Objetivos: Analisar as possíveis situações de violência obstétrica e suas implicações para o protagonismo e autonomia da mulher. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo descritivo que teve como cenário de estudo o Grupo Ishtar, situado no município de Belém-Pa. Participaram do estudo 16 mulheres vítimas de violência obstétrica, maiores de 18 anos, que pariram em maternidade públicas e privadas da região metropolitana de Belém-pa no período de 05/2005 à 12/2014. Utilizou-se como instrumento de coleta a entrevista semi-estruturada. A análise dos dados do estudo foi realizada pelo método de análise temática. A pesquisa recebeu aprovação no comitê de ética em pesquisa da Universidade do Estado do Pará. Resultados: O estudo revelou que 87,5% das depoentes tiveram privação de acompanhantes. Dentre a realização de procedimentos técnicos sem o consentimento e/ou informação, feitos de maneira impositiva e dolorosa,os mais frequentes foram: a episiotomia de rotina(25%), a manobra de Kristeller( 31,25%), a frequência de toques obstétricos(43,75%), o uso indiscriminado de ocitocina sintética(31,25%) e a posição litotômica(37,5%). Também surgiram relatos de problemas na amamentação (13%) e a baixa autoestima (13%), baby blues (25%), depressão pós-parto(12%) e complicações dos procedimentos técnicos (6%). Conclusão: O estudo revelou que existe uma banalização da violência obstétrica no cotidiano das relações interpessoais nas instituições de saúde, repercutindo em consequências físicas e psicológicas altamente danosas. O profissional de saúde deve ser um instrumento para que a mulher adquira autonomia para agir como real protagonista do processo de parto e nascimento. Entende-se, portanto, que o cuidado em saúde ofertado às mulheres deve ser pautado no acesso universal a serviços de qualidade e a garantia de direitos humanos e civis básicos.Referências: 1. Brasil, Defensoria Pública de São Paulo. Violência obstétrica: você sabe o que é?, São Paulo, 2014.