Anais - 19º CBCENF

Resumos

Título PERCEPÇÃO DE HOMENS EM PROCESSO CRIMINAL SOBRE A VIOLÊNCIA CONJUGAL
Autores
GILVÂNIA PATRÍCIA DO NASCIMENTO PAIXÃO (Relator)
ÁLVARO PEREIRA
FERNANDA MATHEUS ESTRELA
DANIELLE PALMA ANDRADE SILVA
PAULO FABRÍCIO DE MELO SANTOS
Modalidade Comunicação coordenada
Área Educação, Gestão e Política
Tipo Pesquisa

Resumo
A violência conjugal é um agravo responsável por altas taxas de mortalidade e oneração aos cofres públicos, requerendo para sua prevenção, o desenvolvimento de ações de reeducação de gênero com mulheres e homens. Destarte, entender a percepção dos envolvidos, e em especial a masculina – ainda pouco explorada, é essencial para que essas estratégias sejam traçadas. Nesta tangente, a pesquisa adota como objetivo: desvelar a percepção de homens em processo criminal sobre a violência conjugal. Trata-se de um recorte de tese de doutorado, vinculado ao projeto guarda-chuva ‘Reeducação de homens e mulheres envolvidos em processo criminal: estratégia de enfrentamento da violência conjugal’, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). O estudo tem caráter exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa e contou com a participação de 23 homens acionados criminalmente por violência conjugal. Os dados foram coletados por multimétodos, sendo utilizadas como técnicas de coleta, a entrevista individual e o grupo focal, entre o período de maio a dezembro de 2015. Os dados coletados foram inicialmente categorizados através do NVIVO® 11, e em seguida organizados através do método do Discurso do Sujeito Coletivo. Os cinco discursos coletivos formados revelam que, na percepção masculina, a violência conjugal perpassa pela compreensão do fenômeno enquanto conduta natural, intergeracional, recíproca e de foro íntimo do casal. Ao tempo que reconhecem as formas mais veladas, a exemplo das ofensas, por vezes consideram que para se caracterizar violência é necessária comprovação, que se dá por meio de marcas visíveis, destacando assim as formas físicas. O estudo evidencia a dissimetria de gênero como constructo social, sinalizando para a necessidade da criação de espaços de ressignificação e reeducação de homens e mulheres, na perspectiva de gênero. Pensando no caráter transgeracional, as escolas são espaços privilegiados para romper com este ciclo, devendo incitar ações que promovam relações equânimes entre meninas e meninos, pautadas no respeito mútuo, que permitam desconstruir o modelo patriarcal vigente. No que tange ao preparo dos profissionais, nos âmbitos social, judicial, policial, educacional e de saúde, faz-se necessário que estes também sejam mais preparados, sendo imprescindível que a temática seja discutida nos currículos da graduação.