Anais - 17º CBCENF

Resumos

Título A LINGUAGEM SEXISTA NA ENFERMAGEM
Autores
LAIANNE SANTOS BARBOSA DE SOUZA (Relator)
SHEILA MILENA PESSOAS DOS SANTOS
FERNANDA LAÍSY PEREIRA DE SOUSA
ELISABETE OLIVEIRA COLAÇO
MIRELLY GOMES ROGÉRIO
Modalidade Comunicação coordenada
Área Cultura, política e história da enfermagem no mundo
Tipo Pesquisa

Resumo
INTRODUÇÃO: Estudiosas têm destacado o papel da linguagem para legitimar a dicotomia naturalizada e hierárquica entre o feminino (dominado) e o masculino (dominante), tendo as regras gramaticais contribuído para tornar e/ou manter o feminino invisível. Reconhecendo a importância da identidade sexo linguística, em 2012, foi sancionada a Lei 12.605 que obriga instituições de ensino a aplicar a flexão de gênero na expedição de diplomas, reforçando a preocupação com a linguagem empregada nos documentos oficiais. Na enfermagem, até 1960 a linguagem no feminino predominou nos documentos que regem a profissão. Todavia, a partir da Reforma Universitária (1968), enfermeiras passaram a se autodenominar enfermeiros, do mesmo modo que professoras como professores e alunas como alunos. OBJETIVO: analisar a utilização da linguagem sexista em documentos oficiais de enfermagem. METODOLOGIA: Estudo qualitativo, exploratório-descritivo. Utilizou-se a técnica documental, tendo como documentos primários os projetos pedagógicos vigentes e planos de aula (2007-2010) de uma instituição de ensino superior (IES) pública. Também foram examinadas portarias, resoluções e pareceres publicados pelo COFEN (2013). A amostra foi composta por 71 documentos. O material foi organizado por meio de um formulário e analisado à luz da literatura pertinente. RESULTADO: Predomina a linguagem sexista, o que reforça o modelo linguístico hegemônico. A linguagem no feminino apenas foi adotada em temas reprodutivos (IES) ou para definir o sujeito impetrado ou impetrante de ação (COFEN). Essa prática, aparentemente inofensiva, reforça modelos centrados no homem contribuindo para a permanência da invisibilidade da mulher nos contextos sociais. A linguagem, além de expressar relações poderes e lugares, os institui, produzindo e fixando as diferenças. Ao excluir o feminino dos textos oficiais que delineiam/normatizam a educação e a profissão da enfermagem e que norteiam as atividades de professoras e professores, de alunas e alunos, legitima-se a ideologia androcêntrica, relegando ao feminino um espaço secundário. CONCLUSÃO: a produção de relações, modos de vida e linguagens igualitárias guardam relação com a enfermagem. A desconstrução da ideologia androcêntrica e a construção da equidade de gênero requer a utilização de diversos artefatos, como a referência ao feminino e masculino na escrita dos textos oficiais.