A quimioterapia consiste no emprego de substâncias químicas, isoladas ou em combinação, estes atuam de forma inespecífica lesando tanto células malignas quanto benignas. Estes fármacos atuam de forma sistêmica, debilitando todo o organismo. Dessa forma, estes medicamentos prejudicam a capacidade de cicatrização do organismo, pois diminuem a resposta imune normal à lesão. Levando em consideração a complexidade do processo de cicatrização, o estudo objetivou relacionar o tratamento quimioterápico com o processo cicatricial da lesão apresentada. Tratou-se de um relato de experiência que aborda a evolução do tratamento oferecido a uma cliente de 72 anos em uma clínica especializada em feridas localizada em Campina Grande - PB. A mesma apresenta ferimento ulcerado, com tecido necrótico em perna esquerda há aproximadamente 10 anos, estando em tratamento a 1 ano e 2 meses. Esta se encontra em terapêutica quimioterápica com duração de 28 dias e intervalo de 14, período no qual a ferida apresenta melhora significativa. O caso é diferenciado tendo em vista os diversos episódios de melhora e recidiva da úlcera. No início do tratamento foi realizado o desbridamento do tecido desvitalizado, sendo coletados fragmentos para a análise microbiológica, que evidenciou um processo inflamatório crônico inespecífico e identificou à bactéria Pseudômonas, a mesma foi tratada com antibioticoterapia. Posteriormente sequenciou-se a rotina semanal de cinco curativos, realizados por enfermeiros capacitados. No intervalo do tratamento quimioterápico ocorreu uma redução significativa da lesão, que voltou ao diâmetro anterior após o retorno da terapêutica. Diante da complexidade do caso e da pouca evolução da lesão foi implementado o tratamento com pressão negativa, que apresentou uma significativa redução. Entretanto, a região permanece sensível e frágil exigindo da enfermagem uma atenção redobrada no que diz respeito ao processo cicatricial, tendo em vista as recidivas anteriores ocorreram sempre durante a retomada da terapêutica quimioterápica. Dessa forma, conclui-se que alguns tratamentos sistêmicos dentre eles a quimioterapia podem comprometer o processo de reparação tissular. Ressalte-se a importância do enfermeiro conhecer de forma mais profunda o processo cicatricial e os fatores que nele interferem. Assim, o profissional de enfermagem poderá melhor intervir, valendo-se tanto de seus conhecimentos técnicos quanto científicos. |