Ser enfermeira surgiu em minha vida de forma espontânea quando exercia atividades básicas de cuidar na infância, no ensino universitário fui conhecendo os caminhos científicos de nossa profissão e a lacuna entre o ensino e a prática. Ao obter o bacharelado associado à licenciatura plena, em uma Escola Técnica, durante quatro anos, aprendi juntamente com meus alunos que o cuidar envolve a interação, e o ensino a capacidade de saber transformar o conhecimento em informações atraentes e de fácil acesso. Após realizar cursos de pós graduação lato senso e stricto senso fui percebendo que ser enfermeira ultrapassa o ser físico e envolve o ser espiritual, principalmente quando vemos o ser humano enfrentando a morte e necessitando do cuidado holístico. Atuei também na área assistencial onde percebia que a enfermeira ao ganhar novos espaços tinha dificuldade de conquistá-lo por permanecer com o dilema “ ser administrador e servir ao sistema” - “ ser administrador assistencial e servir o cliente”. Num destes momentos deparei com uma questão trazida pelo avanço tecnológico associado à escassez de recursos humanos e materiais – “quem receberá o equipamento? – quem é o ser humano mais viável? Uma questão que envolve a esfera ética, mas que pode ser minimizada na vida corriqueira do ambiente hospitalar, que move o profissional a acatar esta realidade e inclusive criar justificativas perante a escassez de recursos, optando por auxiliar na opção de pseudo - Deus julgando viabilidade e inviabilidade do seu próximo. Vejo a necessidade do “ser enfermeiro” romper com o prejulgando, com opções de viabilidade centradas na etnia, no poder aquisitivo e cultural. E principalmente na incapacidade de sermos diferentes e lutarmos pelo tratamento igualitário, pois viabilidade e inviabilidade ultrapassam e esfera física científica englobando forças divinas não explicáveis. |