A Síndrome de Fournier (SF) é uma doença na região do escroto e períneo caracterizada por febre, dor e edema, evoluindo para necrose. Pode ser idiopática ou estar associada a fatores predisponentes como diabete melito, traumatismos locais, procedimentos cirúrgicos, DSTs, entre outros. Este estudo relata a vivência de um grupo de acadêmicos da “Liga de Feridas - LIFE”, da UFTM, na assistência a um paciente de SF com lesão na região escrotal direita. O estudo teve início após avaliação do paciente, seguindo protocolo e instrumentos próprios. A LIFE foi comunicada após o paciente ser submetido a um desbridamento cirúrgico. A avaliação objetivou conhecer o paciente: identificação, doença pregressa e atual, condições da lesão cutânea, dados vitais e laboratoriais para determinar tipo, técnica, cobertura e freqüência dos curativos. Embora a reparação tecidual seja um processo sistêmico, é necessário favorecer condições de limpeza, desbridamento, terapia tópica e oclusão adequada para viabilizar a cicatrização. Optou-se por curativos com técnica asséptica, limpeza com SF 0,9% 1000 ml aquecido e em jato, como primeira cobertura a papaína 10% nas regiões de necrose seca, 6% em tecido de necrose liquefeita e AGE (ácidos graxos essenciais) em tecido de granulação e oclusão com gazes e compressas, duas vezes ao dia. Em oito semanas, houve seguimento diário e avaliação semanal da lesão com registro fotográfico. À conduta e o tratamento com curativos observou-se evolução de 12,5 cm x 11,0 cm para 7,5 cm x 5,5 cm, com redução do edema, secreção, odor e eliminação do tecido necrosado. Observaram-se desenvolvimento do tecido de granulação, aproximação das bordas e melhora do quadro álgico. A SF ameaça a vida do portador, acarretando problemas físicos, econômicos e familiares, além de prejudicar a qualidade de vida. Os cuidados no tratamento, como limpeza, cobertura e oclusão adequada da ferida, feitos diariamente por equipe multidisciplinar, resultam em recuperação eficaz da lesão. |