A Estratégia de Saúde da Família constitui-se em uma fonte inestimável de produção do conhecimento, tanto para aprimoramento dos acadêmicos e/ou pesquisadores, como dos próprios profissionais. Instrumentos como a pesquisa e a extensão, a despeito de serem majoritariamente recorridos dentro dos limites das universidades, podem se tornar poderosos aliados para o conhecimento da população adscrita e para atuações respaldadas na realidade local. Entretanto, muitos profissionais não estão sensibilizados para a importância destas atividades no aperfeiçoamento do cuidar. Este trabalho trata-se de um relato de experiência vivenciada por pesquisadores de iniciação científica, durante o desenvolvimento de projeto de pesquisa sobre a percepção dos profissionais de saúde acerca da violência doméstica contra a mulher. O objetivo geral é relatar como os profissionais percebem e reagem a atividades de pesquisa, nas quais eles são os investigados/sujeitos. Como estratégia teórico-metodológica, utilizou-se oficinas sistemáticas com a participação dos profissionais e usuários. A maioria dos profissionais se mostrou receptiva e reconheceu a importância da pesquisa no enfrentamento de problemáticas como a violência. Entretanto, alguns sujeitos relutaram em participar da pesquisa, por associarem a investigação científica como avaliação de suas atividades profissionais, considerando o ato de avaliar como algo negativo. Destes, mesmo os que participaram, encontraram dificuldade em compreender os propósitos e contribuições da pesquisa, uma vez que suas formações profissionais foram estruturadas de maneira tradicional, sem o engajamento dos mesmos enquanto alunos em atividades extra-curriculares. Por conseguinte, a complexidade da saúde, aliada a existência de fenômenos multi-causais como a violência, requer dos profissionais lançarem mão de ferramentas que potencializem os instrumentos clássicos de registro e investigação. |