A prática da automedicação pode ter como conseqüência efeitos indesejáveis, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas, representando, portanto, um preocupante problema de saúde pública a ser prevenido, principalmente no Brasil, onde 80 milhões de pessoas são adeptas a automedicação. Diante disso, o objetivo do estudo foi determinar os fatores associados à automedicação no município de Três Lagoas - MS. A coleta dos dados foi realizada nos meses de março a maio de 2008, por meio de uma entrevista domiciliar com 95 sujeitos, com idade igual ou superior a 18 anos, sobre o consumo de medicamentos nos últimos três meses. A variável-dependente foi o uso de medicamentos segundo a prescrição médica. Foram considerados três grupos de variáveis exploratórias: sócio-demográficas, indicadores de condição de saúde e indicadores de uso de serviços de saúde. Dos entrevistados 16 afirmaram não consumir medicamentos nos últimos três meses e, 79 fizeram uso de fármacos nesse período, sendo que 60,7% consumiram fármacos exclusivamente não prescritos, 9% apresentam consumo simultâneo de fármacos prescritos e não prescritos e, 30,3% consumiram medicamentos exclusivamente prescritos pelo médico. Constatamos que a automedicação está relacionada com o sexo feminino, baixo nível de escolaridade, baixa renda familiar, faixa etária entre 18 a 39 anos, doenças como enxaqueca, gripe, resfriado, gastrite e disfunção hepática, e pessoas com percepção muito boa/boa de saúde. Os principais medicamentos consumidos na ausência de receitas foram os analgésicos, antiinflamatórios, antiácidos e entre outros. Já as doenças crônicas (hipertensão arterial, cardiopatias, reumatismo, diabetes mellitus) e posse de plano privado mostraram pouca relação com o uso de medicamentos não prescritos.
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