Introdução: as mulheres em idade reprodutiva sabem o que significa a angústia do atraso menstrual quando não se pretendem engravidar. No entanto, quando a gestação acontece só existem dois caminhos: o parto ou o aborto. Inúmeros são os motivos que levam as mulheres a provocarem um aborto: fatores econômicos, sociais, culturais e/ou psicológicos, insegurança, medo de exclusão por parte da família e até mesmo desespero, pois a gravidez não estava nos seus planos. O aborto torna-se, então, a única saída para elas e, neste desafio, elas arriscam suas próprias vidas, quando decidem interromper a gravidez utilizando-se de quaisquer recursos. Objetivo: traçar e analisar o perfil de mulheres que provocaram aborto, procurando elucidar as razões que as levaram ao ato. Metodologia: estudo exploratório-descritivo com enfoque quantitativo. A amostra constou de 42 mulheres que se submeteram à curetagem em uma unidade de saúde. Resultados: 59% tinham menos de 20 anos; 50% possuíam apenas o ensino fundamental; 64% residiam na zona urbana; 88% eram solteiras; 78% moravam com os pais; 64% ratificaram renda abaixo de um salário mínimo. Dentre os métodos utilizados para provocar o aborto, o mais afirmado foi o Cytotec (52%). Quanto ao motivo pelo qual provocaram o aborto, 52% afirmaram o medo de exclusão da família. 43% referiram um mal-estar psicológico após ter provocado o aborto, porém, 50% delas encaram o aborto como única solução para negligenciar sua responsabilidade sobre a gravidez. Conclusão: evidencia-se a problemática da falta de um plano assistencial de educação em planejamento familiar para mulheres em idade fértil e de classe socioeconômica mais baixa. Portanto, devem-se buscar estratégias que reduzam o número de gestações não planejadas, diminuindo percentual de aborto provocado e suas possíveis complicações, o que ocasionará uma redução nos gastos por internações obstétricas por aborto. |