O presente relato ocorreu como parte da disciplina Saúde Mental oferecida pela primeira vez em agosto de 2007 no Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, campus de Picos. Buscou-se caracterizar por meio de uma pergunta-sugestão como tem sido a visão da comunidade de Picos sobre loucura em tempos de Reforma Psiquiátrica e integrar os acadêmicos na comunidade. Picos conta com dois serviços de assistência a Saúde Mental, o Hospital Dia (HD) e o CAPSad(Centro de Atenção Psicosocial), o primeiro com dez anos de funcionamento e o segundo com um ano e três meses. Fundamentaram teoricamente esse estudo Jovchelovitch(2000) apontando aspectos culturais e representações sociais; Amarante(2003); Foucault(1994) e Taylor(1992) contribuíram com a reconstituição histórica. Trata-se de um trabalho de campo constituído da questão “O que vem em seu pensamento imediato quando se fala em Loucura?” aplicada a cada 10 sujeitos nos bairros próximos a HD e CAPSad representando comunidades do entorno das Instituições; da Universidade Federal representando a comunidade acadêmica e da Rodoviária como região central da cidade, totalizando 40 sujeitos. O levantamento constou de Termo de Consentimento Livre Esclarecido e formatação ABNT. Os resultados apontaram para quatro grupos temáticos: “Religiosidade” com 10%,“Padrões e anormalidades” com 12,5% das respostas;“Desequilíbrios e fraquezas” com 25%; e “Características estereotipadas” com 40 %, revelando a percepção da comunidade picoense frente a loucura como parte de uma cultura de exclusão, pois as falas evidenciam o aspecto perturbador e incapacitante da loucura, bem próprio da herança asilar que se pretende combater com as atuais propostas psicosociais de reabilitação. A experiência possibilitou um diagnóstico parcial da percepção de loucura, a aproximação das atividades acadêmicas frente às necessidades da comunidade e, sobretudo o exercício teórico prático sobre bases históricas e historicidade. |